poemas, um de Antero de Quental e outro de Florbela Espanca. A Literatura
Portuguesa está repleta de belos poemas que são um hino a este ser tão sofrido,
ímpar e maravilhoso!
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“Retrato de Olga KhoKhlova, |
Podia a sorte pôr-te o berço estreito
N’algum palácio e ao pé de régio leito,
Em vez d’este areal onde cresceste:
Podia abrir-te as flores — com que veste
As ricas e as felizes — n’esse peito:
Fazer-te… o que a Fortuna há sempre feito…
Tinhas de ser assim… Teus olhos fitos,
Que não são d’este mundo e onde eu leio
Uns mistérios tão tristes e infinitos,
Tua voz rara e esse ar vago e esquecido,
Tudo me diz a mim, e assim o creio,
Que para isto só tinhas nascido!
Antero de Quental, in
“Sonetos“
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Konstatin Rasumov |
Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!
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